quarta-feira, 10 de junho de 2015

Perfis

Eu construo perfis de pessoas aleatoriamente. De pessoas que me cruzo no metro. De quem está sozinho. Com um rosto alegre. Ou triste. De quem está com filhos. Ou com um possível namorado.
E crio histórias, muitas histórias, algumas com um final feliz, outras não. E acredito nessas histórias, que possam ser como eu as idealizo porque são tão felizes e que me dão tanta vontade de imaginá-las. Talvez é isto que me faz uma amante das Letras.
Vejo uma mulher, com não mais de trinta e cinco anos, quase de certeza que trabalha num escritório: calças formais, um blazer e uma camisa rosa seco e uns sapatos com um nadinha de salto. Está a tomar o café ao balcão e o telemóvel toca e ela atende -  tem cara de se chamar Cláudia - faz cara de contentamento quando vê quem lhe está a ligar, deve ser o marido, apressa-se a pagar o café enquanto desliga a chamada. Deve ir a correr para casa ou vai buscar as crianças à escola, depois vai para casa enquanto prepara o jantar para a família e amanhã lá estará ela, pelas nove da manhã de volta ao escritório e à rotina. Dá-se por contente por ter uma vida estável, nunca lhe faltou nada, tem os bens necessários, tem uma família linda e uma carreira que embora não seja a que sempre tenha ambicionado lhe traz benefícios que suportam as coisas menos boas que esta traz. E esta é a vida de Cláudia.

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